Estudos Históricos e Políticos

sobre o que se devia fazer. — Resistir? Capitular? Fugir? — Mas o general não perdia tempo, e acercava-se da capital com grande velocidade. Viu-se então a utilidade dos preparativos. Quanto se podia e devia trasladar para a América, estava a bordo. A 27 de novembro de 1807, d. João embarcou e a esquadra zarpou na madrugada de 29. Às sete horas da noite, o futuro duque de Abrantes entrava em Lisboa com pouco mais de um milheiro de soldados.

Vê-se que Tobias Monteiro, com motivos seguros, funde as duas correntes. Regifúgio, se quiserem, mas regifúgio premeditado e organizado, de consequências sabidas. Execução tumultuária e pouco edificante, pelas dilações de d. João, por suas invencíveis angústias de desconfiado, hesitante e cobarde.

AS ORIGENS DO FICO

Ainda outro ponto capital é tratado superiormente na História do Império: as alternativas de opinião e de conduta de d. Pedro quanto às ordens de regresso a Lisboa expedidas pelas Cortes e a desobediência do Fico.

A princípio, quis embarcar. Nem só o havia pedido ao pai; como era esse o primitivo desejo de d. Leopoldina. Grávida, esta receava viagem à última hora e tudo fez para pelo menos adiá-la. Conseguiu seu intento. Mas surgiam cada dia novas razões protelatórias, até que viessem os motivos de recusa, nos decretos do Congresso. A nova organização do Brasil submetia d. Pedro às juntas provinciais, e, entretanto, era ele regente do país e locotenente d'el-rei. As viagens pela Europa, acolitado de aios, eram humilhação cruel. E pouco a pouco amanhecia a perspectiva de independência, maldefinida ainda, mas já prenunciada nas manifestações das três províncias centrais, Rio, São Paulo e Minas.

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