Estudos Históricos e Políticos

Parece que, ainda nesse passo, d. Leopoldina revelou visão mais aguda e alongada do que seu esposo. De sua correspondência privada transparece quanto animava a causa americana, se preocupava com os revezamentos de esperança e de desânimo, e as indecisões do marido. Não é passível de dúvida que, no casal, foi a primeira a compreender e a favonear a grande oportunidade histórica. Havia demasiada coincidência de energias propulsoras, por parte da população, como elemento ativo, e do futuro par imperial, como elemento receptivo para que a hesitação provasse duradoura.

Analisando resumidamente este período, em estudos recentes, aludíramos a isto, que o livro de Tobias Monteiro tanto esclarece. E dessas conclusões idênticas de pareceres independentes há outra ilação a tirar: a permanência dos fatores psíquicos e de suas manifestações nos dois Braganças que sucessivamente reinaram no Brasil, até a abdicação de Pedro I. O denominador comum parece ser a hesitação na escolha dos rumos. Mas aí avultam os contrastes: enquanto d. João não cessava de duvidar e de tremer sem nada resolver, d. Pedro, adotada uma directiva, lançava-se de corpo e alma nos encargos da execução.

Hesitou até o ultimo momento el-rei a sair de Lisboa: o desconhecido o apavorava. Hesitou e, quando pôde, relutou e adiou sua saída do Brasil e volta a Portugal, desolado por deixar a terra acolhedora, único pouso de tranquillidade e de afeto em sua malograda existência, e apavorado ainda pelo desconhecido da recepção e da vida no reino constitucional de Fernandez Thomaz e seus correligionários de revolução do Porto.

Ao contrário, d. Pedro, se vacilou na escolha de sua conduta ante as intimações das Cortes, pouco demorou no período de incertezas. Resolveu adotar o rumo de combate e nele prosseguiu com energia sempre maior. Mais

Estudos Históricos e Políticos - Página 49 - Thumb Visualização
Formato
Texto