tarde, cheio de desgostos pelas injustiças do povo que lhe devia a Independência, e ante a angústia crescente que lhe inspirava a sorte de sua filha d. Maria II, rainha de Portugal, escolheu, após longas tergiversações, a tarefa restauradora no antigo reino, e atirou-se à empresa com decisão, firmeza e entusiasmo.
Brasileiro no primeiro caso, português no segundo, em ambos ostentou as mesmas qualidades de denodo, energia e capacidade realizadora, e as mesmas fraquezas transitórias e curtas, no escolher imediato das soluções finais.
OS ANDRADAS
Em todos esses capítulos Tobias Monteiro muito e muito inovou. Depois de seu livro, não é mais lícito continuar nas simplificações inexatas dos fatos que correm impressas. Mil e um elementos essenciais ressurgiram, geralmente ignorados de quase todos, mesmo de especialistas, mas onde a divergência das ideias correntes mais se acentua é no apreciar o papel dos Andradas.
Fenômeno curioso que convém investigar é essa deformação histórica que lhes atribui o maior papel na Independência. Nada, entretanto, é menos abonado.
Em meio da agitação dos espíritos por franquezas políticas mais amplas, tal que já em 1807 Lisboa receava a separação da América portuguesa, o grande coordenador foi um grupo do Rio, com José Joaquim da Rocha à sua frente, no dizer de Mareschal, sempre cauteloso em afirmar, e bem-informado por via de regra. O ponto de apoio seu e de seus companheiros, Lédo, José Clemente, Januario e tantos outros, era o próprio príncipe regente. Para uma sociedade como a do Brasil coevo, um chefe se tornava necessário: nenhum sobrepujaria o loco-tenente d'el-rei. E em torno dele redobravam os esforços de conquista.