dos aproveitáveis pelo sorteio, tal a intensa especialização hoje exigida pela Marinha de guerra. Fainas há, é certo, nas quais em período curto se pode preparar um sorteado. Mas para todas as especialidades, a aprendizagem é forçosamente longa. Neste decurso de tempo, o valor dos serviços prestados pelo aprendiz é bastante menor do que o custo de seu ensino; deve pois a indenização decorrer de uma permanência mais longa nos efetivos. Também, ao contrário do que se dá no Exército, em que só há vantagem de engajar e reengajar inferiores, nas máquinas navais de guerra é de toda conveniência ficar o pessoal 12, 15 ou 20 anos.
Tudo, no pressuposto de se tratar de gente já afeita ao mar, sabendo navegar a vela e a remo, resistente ás intempéries e às agruras da vida embarcarda. Exatamente, as características de nosso numeroso pessoal de marinheiros natos, que são os pescadores, tão mal aproveitados até hoje.
Quando ministro o almirante Julio de Noronha, salvo erro de memória, se deu começo à organização sistemática desse aproveitamento, sendo iniciada então a inscrição marítima. Ideia fecunda, que custa admitir tivesse sido abandonada, antes mesmo de ensaiada.
Não seria agora ocasião oportuna de reviver a questão, e de incluir as populações praieiras, do mar e dos rios, como núcleos de inscritos marítimos, elemento formador do pessoal da armada, a título igual ao da Marinha mercante?
As escolas de aprendizes, por si sós, não bastam, e recorrer ao voluntariado nem sempre fornece a melhor gente e a mais disciplinada, quando, cada vez mais, a bordo, a condição essencial de eficiência e de segurança reside no valor moral das tripulações.