Estudos Históricos e Políticos

REFLEXÃO QUE SE IMPÕE

E mais se impõe tal reflexão nesta fase de nossa vida histórica, em que se veem os resultados lastimáveis do afrouxamento das cogitações idealistas no período imediato à proclamação da República. Sempre a mesma lição: o criador inicial, o autor, deturpado e traído em seu pensamento pela obra do comentador, sem a mesma largueza de visão.

A separação dos dois mundos, o espiritual e o temporal, feita ao impulso generoso do respeito à liberdade humana, à autonomia de pensar e de crer; guiada pela gratidão do catolicismo que fez o Brasil, com o intuito de o libertar das peias que lhe impusera o regalismo galicano herdado de Portugal e continuado no Império, com gravíssimos prejuízos para a Igreja e para o Estado; a separação, obra de clarividência e de acatamento, transformada em instrumento opressor dos cultos, quando encarada por espíritos menos esclarecidos de subalternos sem horizonte.

Daí no ensino, abolida a moral, a preocupação exclusiva de um utilitarismo rasteiro. O ideal do bem, substituído por uma norma de interesse. O provento egoísta, o progresso material do conforto e da riqueza, em lugar da noção grave e alta do dever para com o Criador e com o semilhante. Como evangelho, livros de deve e haver; no ponto de que deveria irradiar a luminosa lição do Sermão da Montanha.

Nesse ambiente de obscuro e nefando e duro sensualismo, se formou a geração que hoje chegou à idade viril e está dirigindo o Brasil. Tal a origem da crise moral em que nos debatemos, em todos os terrenos. A utilidade imediata, o gozo concreto, a repulsa do sofrimento redentor,

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