Estudos Históricos e Políticos

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Ensinam financeiros e estadistas e fazedores de leis e muitos fiéis que, de todas as coisas, o homem deve cuidar principalmente de sua segurança, a bem de sua vida, de seu dinheiro, de sua alma. Tenho por estranha tal doutrina, todavia. De todos os perigos do mundo, o maior está em preferir-se aos demais.

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Vivemos no eterno Agora, e é Agora que criamos nosso destino. Desvalioso por isso é deplorar o passado, perder tempo, formar planos para o futuro. Uma só ambição é sadia, e é: por tal forma vivermos, Agora, que ninguém se possa lastimar do vazio da existência, nem tenha de completar tarefa por nós deixada incompleta.

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Quando o ator, despidos vestuários e disfarces, se retira, será um vilão? Deveremos acaso lapidá-lo ou matá-lo, porque, para divertimento nosso, representou vilanias?

Se tiver de morrer em cena, porque assim o exija a decência, deveremos queimar-lhe o corpo e amaldiçoar a memória? E será uma viúva sua mulher?

Não será a vida uma representação? Os deuses, que superintendem o drama, sabem que alguém tem de fazer a parte do vilão, e outro a do mendigo. Recompensam aos homens por sua ação. Quem representa papel inferior, por sua mercê receberá incumbência mais alta, quando lhe tocar a vez de novamente renascer no mundo.

Aquele que possuir a sabedoria, portanto, desempenhará seu papel de mendigo, de rei ou de vilão, tendo em mente os deuses.

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