Estudos Históricos e Políticos

separados não tinham filhos; mas os 60% restantes? Quantas vítimas deixariam?

O problema é tão apavorante quanto ao destino dessa desventurada infância, desamparada pelos pais, que já provocou movimentos de reação nos países mais infectados pelo morbo mortal. Não falemos na Rússia soviética, cujas condições já expusemos, com seus 170.428 divórcios, em 1925, para uma população (na parte europeia) de cerca de setenta milhões de habitantes, proporcionalmente mais do dobro do que se vê nos Estados Unidos. Aí, o fato demográfico é voluntário e favoneado pelo governo.

Na França, já aludimos à campanha antisseparatista.

Nos Estados Unidos, se está desenhando igual tendência. É notável o esforço do clero católico nesse rumo. Parece, entretanto, originar-se fundo abalo nas camadas profundas da sociedade norte-americana, e um dos sintomas mais eloquentes da regeneração parece encontrar-se na atividade literária do país. Não é lícito menosprezar esse sinal dos tempos, principalmente para aqueles que se recordam do papel capital desempenhado na luta abolicionista pela Uncle Tom's Cabin, de Mrs. Beecher Stowe, em 1851-52.

Uma nobre mulher, Edith Wharton, publicou recentemente um livro, The children, no qual, sob forma romanceada, investiga o pungente problema desses filhos de divorciados.

A Revue des deux mondes, sempre à procura das obras de arte estrangeiras para difundi-las entre os leitores franceses, deu-lhe guarida em suas colunas, sob o título Leurs enfants. Apoderou-se o cinematógrafo da chaga social escaIpelada no romance; enfraqueceu-lhe o trágico das circunstâncias, e, para agradar às plateias inimigas de emoções contristadoras, modificou-lhe

Estudos Históricos e Políticos - Página 548 - Thumb Visualização
Formato
Texto