História das explorações científicas no Brasil

fins e seus propósitos, ou guardadas no fundo do oceano as provas dos seus malogros. O Bacharel de Cananeia, Ramalho e Caramuru são apenas os mais felizes no seio de uma grande massa anônima e ignorada.

Quais desses cristãos novos, arrendatários do nosso estimado Brasil e das nossas essências ainda desconhecidas, cumpriram essa cláusula do reconhecimento das duzentas léguas de costa do vasto continente austral? Raríssimos, por certo. E destes não chegaram até nós os nomes, sabendo-se apenas do cumprimento do estabelecido pelo que foi registrado nas cartas e portulanos da escola de Reinel ou da mesma compilados.

O sistema econômico de conceder a particulares ou a companhias privilégios de exploração e comércio de determinados produtos em troca da obrigação de descobrir léguas de costa e estabelecer feitorias de defesa não era uma novidade em Portugal nem iniciativa de Dom Manuel. Já em 1469 Afonso V arrendava o comércio da Guiné a Fernão Gomes com a obrigação para o arrendatário de descobrir quinhentas léguas de costa. E a Fernão de Noronha, a quem mais tarde seria dado o arrendamento do pau-brasil, já outros privilégios tinham sido dados em África, pois em 26 de março de 1498 tinha ele quitação do real erário por ter prestado boas contas dos seus compromissos.

Continuaria Portugal a sua política de mistérios, mesmo depois da notificação oficial da sua descoberta? Estará nisso o mistério que envolve as expedições dos primeiros lustros do século XVI? Parece mais provável que a verdade esteja em atribuir essa inópia ou ausência de documentos à retirada intencional, feita por Filipe II, dos documentos da Torre do Tombo para os arquivos espanhóis.

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