Tratado descritivo do Brasil em 1587

suas cartas, para que as casasse com pessoas principais daquelle tempo; a quem mandava dar em dote de casamento os ofícios do governo da fazenda e justiça, com o que a cidade se foi enobrecendo, e com os escravos de Guiné, vacas e éguas que S. Alteza mandou a esta nova cidade, para que se repartissem pelos moradores dela, e que pagassem o custo por seus soldos e ordenados, e o que mais lhe mandava pagar em mercadorias pelo preço que custavam em Lisboa, por a esse tempo não irem a essas partes mercadores, nem havia para que, por na terra não haver ainda em que pudessem fazer seus empregos; pelo qual respeito S. Alteza mandava cada ano em socorro dos moradores desta cidade uma armada com degradados, moças órfãs, e muita fazenda, com o que a foi enobrecendo e povoando com muita presteza, do que as mais capitanias se foram também ajudando, as quais foram visitadas pelo governador e postas na ordem conveniente ao serviço d'El-Rei, e ao bem de sua justiça e fazenda.



CAPÍTULO V: Em que se trata como D. Duarte da Costa foi governar o Brasil.



Como Thomé de Sousa acabou o seu tempo de governador, que gastou tão bem gastado neste novo Estado do Brasil, requereu à S. Alteza que o mandasse tornar para o reino, a cuja petição El-Rei satisfez com mandar por governador a D. Duarte da Costa, do seu conselho; ao qual deu a armada conveniente a tal pessoa em que passou a este Estado, com a qual chegou a salvamento à baía de Todos os Santos; desembarcou na cidade do