Beecher Stowe, ou toda a poesia libertária de um Castro Alves apenas despertam um vago sentimento de piedade para uma raça, que uma falsa lógica considerou inferior. Este ciclo clássico da escravidão agrária sob o guante dos "senhores" das plantações, com os seus ímpetos de desesperada reação explodindo em convulsões tremendas de dor, "corresponde inteiramente — na frase irônica de Cristobal do Castro(1) Nota do Autor — ao reativo sentimental e ingênuo da época". Por isso esses poemas de piedade "branca" não são dramas negros, e sim negroides. Correspondem, em sentido, à imensa choradeira indianista sem significação humana. Este ciclo "negroide" é a expressão de um romanticismo de mistificação, ocultando as verdadeiras faces do problema sob as capas de um sentimentalismo doentio, sadomasoquista, onde a piedade exaltada era, na realidade, a contraparte, o outro polo de um sadismo negricida, sem precedentes.
As tremenda enxurradas revolucionárias de após-guerra inverteram subitamente os dados do problema. Com efeito, a abolição da escravatura nas várias partes de Toda-a-América não havia libertado o Negro da pesada cadeia de preconceitos seculares. A sua alma continuava presa aos grilhões do seu complexo de inferioridade coletivo. E a "cintura negra", a "color line" cingia a pobre raça num círculo constritivo mais forte do que os "colares de ferro", o "tronco", o "anjinho" e outros instrumentos de suplício da escravidão. Isso que, no Brasil, era apenas sentido como um constrangimento psíquico, interno, sem coação exterior, na América