O negro brasileiro 1º v. - Etnologia religiosa

A QUESTÃO METODOLÓGICA DE O NEGRO BRASILEIRO

A maior parte das análises críticas dedicadas ao "Negro Brasileiro" não deixou de assinalar a preocupação do Autor em distribuir o texto em duas partes estanques: a primeira parte, em que se cogitou apenas do registro dos fatos dentro dos rígidos critérios etnográficos; e a segunda parte, destinada à interpretação etnológica daquele material.

Nós sabemos, na realidade, quanto são vacilantes os métodos e interpretações culturais. É preciso evitar o mais possível atermo-nos à letra dessas interpretações, simples "hipóteses de trabalho", que podem ser abandonadas por novas "hipóteses" amanhã. A história da metodologia etnológica é bem rica neste particular. Os critérios de interpretação da cultura ainda não chegaram a uma conciliação dos seus respectivos pontos de vista. Evolucionistas e antievolucionistas; historicistas e a-historicistas; organicistas e funcionalistas; difusionistas e antidifusionistas... todos eles procuram se fixar em seus postulados de escola.

Por isso mesmo, as críticas à parte metodólogica de O Negro Brasileiro têm essa resposta inicial — da precariedade dos métodos erguidos pelas várias escolas, para resolverem o problema da cultura. Vou tentar responder a algumas das mais importantes destas críticas.