O negro brasileiro 1º v. - Etnologia religiosa

ciclos de cultura, podemos nos socorrer legitimamente da interpretação psicanalítica, na indagação do porque da personalidade cultural. Numa sociedade matrilinear, por exemplo, os complexos familiares já se formam, como demonstrou Malinowski, em seus estudos na Melanésia, não em torno do pai, e sim em torno da mãe e do tio materno (vide, p. ex., B. Malinowski, La vie sexuelle des sauvages du nord-ouest de la Melanesie). O complexo é portanto uma formação secundária, um produto da cultura, e não causa desta (vide mais adiante resposta ao prof. Roger Bastide).

Chegamos, deste modo, a uma conciliação metodológica necessária, mesmo porque, como as modernas correntes etnológicas o provam, o método histórico-cultural tentou resolver o como, mas não o por que das culturas. São muitas as críticas, hoje, contra ele. Os norte-americanos criticam-lhe o exagero de historicismo e preferem delimitar "áreas de cultura", sem as preocupações de stracta culturais (Kulturshichten, propriamente ditos). Os historicismo levou ao exagero do difusionismo, como no grupo dos egiptólogos com Elliot Smith e seus discípulos. E contra esse difusionismo se erguem hoje os funcionalistas norte-americanos, mesmo de correntes diversas (Lowie, Wissler, Kroeber, Goldenweiser, Herskovits etc.) e os ingleses (Malinowski, Radcliff-Brown etc.) .

O prof. Richard Thurnwald, de Berlim (obra principal: Die menschliche gesellschaft, 5 vols., Berlim, 1931-1935) é que nos tece hoje as críticas mais severas ao grupo da Kulturkreise. Destaca de início o fato de não haver ainda acordo entre as várias correntes. Em seguida mostra, como