Criticaram inicialmente esses autores as bases em que se ergueu a teoria psicanalítica do totemismo: a hipótese de Atkinson e Darwin, da horda primitiva, que na realidade não foi encontrada por nenhum etnógrafo; a teoria do sacrifício de Robertson Smith e do canibalismo ritual, que não seriam mais do que simples ritos mágicos, sem endeusamento do animal; o totemismo como começo de evolução etc. Ao contrário disso tudo, os culturalistas vêm demonstrar que, em vez da promiscuidade inicial, é a união monogâmica que se encontra em algumas tribos, mesmo as mais primitivas; em vez do totemismo, encontra-se um legítimo monoteísmo inicial; em vez da promiscuidade sexual, há a monogamia como se verificou entre os pigmeus etc.
Todos esses argumentos são bem-conhecidos e na realidade originaram uma fecunda renovação nos métodos etnológicos. No que se refere à posição da psicanálise, aceito algumas restrições, como as que lhe trouxe, por exemplo Malinowski, sem sair da sua posição metodológica (vide, p. ex., B. Malinowski, La sexualité et la repression dans les societés primitives, trad. franc., 1932, passim). Para Malinowski, o complexo varia em função da sociedade. Por isso, não podemos considerar o complexo de Édipo, por exemplo, a fons et origo da cultura, quando, pelo contrário, ele é um produto da cultura, uma formação secundária. Por isso, as instituições totêmicas não estariam na origem da sociedade, mas seriam estágios secundárias, decorrentes de formações reacionais, dentro de determinados ciclos de cultura.
Sendo assim, a interpretação psicanalítica continua legítima mesmo dentro da relatividade da evolução. Em determinados