O negro brasileiro 1º v. - Etnologia religiosa

Solicito a esses ilustres opositores a leitura de todo este citado capítulo XVIII: A estrutura da mentalidade primitiva, o que me poupa de repetir aqui os argumentos que lá deixei expendidos. O que quero deixar assinalado em conclusão, é que, do ponto de vista psicológico, podemos legitimamente nos socorrer das teses de Lévy-Bruhl, para a explicação do conceito de mentalidade primitiva, dentro da uma posição relativista em antropologia. Categorias pré-lógicas, assintáticas, simbólicas, afetivas... existem, mesmo no pensamento do homem mais "civilizado". O próprio Graebner, culturalista, estudou no homem das culturas atrasadas as duas categorias fundamentais de causalidade e de substância, apenas empregando outros conceitos para aquilo que Lévy-Bruhl chamaria participação (op. cit., pag. 289). O pensamento humano é móvel, varia com a cultura de que faz parte. O conceito de "primitivo" não é uma categoria "irredutível".

Desfeitas essas dúvidas, reconhece o eminente prof. Price-Mars "... que Arthur Ramos apporte la part la plus neuve dans l'interpretation doctrinale des croyances religieuses des Nègros brésiliens" (loc. cit., pag. 32). E conclui: "...tous ces thèmes des plus récents moyens d'investigation neuro-psychiatrique ingénieusement traités par le Maitre brésilien forment la matière de savoureux aperçus sur le comportement nègre et rendent de considérables services aux passionés des sciences ethnologiques".