O negro brasileiro 1º v. - Etnologia religiosa

dominante é justamente não me prender a nenhum exclusivismo de escola..."

Discuti largamente o assunto no meu livro Introdução à psicologia social (Rio, 1936, cap. XVIII, pags. 275-291). Mostrei aí como poderíamos conciliar o conceito de "mentalidade primitiva" com as mais novas direções não só da psicologia estruturalista, como das correntes culturalistas em antropologia. O termo "primitivo" não teria assim nenhuma significação "histórica". Mostrou Meyer-Gross que a mentalidade primitiva não devia ser considerada um "grau preliminar" (Vorstufe) dentro dos moldes evolucionistas. É uma categoria psicológica móvel, que não é absolutamente o apanágio de raças chamadas "primitivas".

Sendo assim, tomaremos as luminosas teses de Lévy-Bruhl, não no sentido evolucionista, com que têm sido sempre julgadas. Veja-se o que eu já disse em nota da pag. 282 daquele citado livro: "Os durkheimianos criticam que se parta de Lévy-Bruhl para se estudar o indivíduo. Sendo as "representações coletivas" — dizem eles — estados psíquicos coletivos, ultrapassam o indivíduo, e não podem servir de padrão de estudo individual... É desconhecer a orientação estruturalista na psicologia: — o indivíduo dentro do seu círculo social e cultural. Lévy-Bruhl é uma ponte entre a escola de Durkheim, à psicologia afetivista de Ribot e a psicologia estruturalista da atualidade. E por isso, os sociólogos e etnólogos não o têm compreendido bem". E eu aludia a uma crítica do sr. V. de Miranda Reis, "Etnografia e Psicanálise" in Boletim de Ariel, Fev. de 1935.