O negro brasileiro 1º v. - Etnologia religiosa

ao assunto, continuando e completando às luminosas vistas da escola de Lévy-Bruhl.(21) Nota do Autor

O ritual e os processos de magia, os fenômenos de possessão fetichista, o sincretismo religioso, os mitos negros etc. tem que ser reinterpretados com esses novos métodos de pesquisa científica.

São esses primeiros resultados que ora apresentamos no atual volume, cuja primeira parte será dedicada à documentação, e a segunda à interpretação analítica dos resultados, à luz daqueles referidos métodos.

Certamente não devemos alimentar a ilusão que esses novos métodos sejam definitivos, e infalíveis essas teorias. Eles nada mais são do que novas "hipóteses de trabalho" (para empregar uma expressão consagrada), reflexos do espírito científico da época, a nos impulsionarem para novas pesquisas. Não devemos nos preocupar com o "verdadeiro" de uma hipótese, mas com a "fecundidade" de seus resultados. Se a ciência de nossos dias infirma a exatidão de certos postulados da época em que trabalhou Nina Rodrigues, nem por isso podemos deixar de reconhecer quão fecundos foram e continuam a ser os resultados de suas investigações.

O presente trabalho é o primeiro resultado de um largo inquérito procedido diretamente nos "candomblés" da Bahia, nas "macumbas" do Rio de Janeiro e nos "catimbós" de alguns Estados do Nordeste, sobre as formas elementares do sentimento religioso de origem negra, no Brasil. Foi em virtude da minha profissão de médico legista e clínico que me pus em contato, na Bahia, com as classes negra e mestiça da sua população, indo surpreender a muito custo e após