O negro brasileiro 1º v. - Etnologia religiosa

transformação das espécies religiosas inferiores, já evidentes no tempo de Nina Rodrigues, e que estão a seguir rapidamente a sua obra de sincretismo ao contato com outras formas religiosas mais adiantadas.

A esse trabalho, que exige um esforço formidável, demos início na Bahia e no Rio de Janeiro, acompanhados por outros estudiosos, em vários pontos do Brasil. Algumas dessas pesquisas propriamente documentárias são quase completamente inéditas, como a das religiões de origem banto.

A segunda tarefa, de não menor importância, é a da nova exegese documentária, com os métodos científicos contemporâneos. Muitas ideias do mestre baiano já não resistirão à crítica científica de nossos dias.

Sem nos determos, no momento, em pontos contestáveis de outras obras suas — por exemplo, a tese da inferioridade antropológica de certos grupos étnicos, da degenerescência da mestiçagem... que estão a sofrer radical revisão ao sopro dos Boas, e da moderna antropologia cultural —, as dedicadas às religiões negras apresentam postulados científicos que estão em franco desacordo com a ciência atual.

A teoria animista da escola antropológica inglesa, com Tylor à frente, e tanto das preferências do sábio baiano, já não tem significado para o nosso tempo. Lévy-Bruhl imprimiu novos rumos e trouxe novas e surpreendentes interpretações ao conhecimento da psiquê primitiva, principalmente das suas manifestações religiosas, com a teoria do pensamento pré-lógico e da lei de participação. De outro lado, a psicanálise introduziu uma fecunda orientação metodológica