Os materiais de história natural que se encontram no Arquivo da Academia de Ciências da URSS compreendem estudos geográficos de algumas zonas do Brasil, descrições etnográficas de determinadas tribos e vocabulário de seus idiomas. Particularmente valiosos são os diários (26 cadernos) do dirigente da Expedição, o acadêmico G. I. Langsdorff, que fazia um registro sumário, dia após dia, do trabalho de seus participantes. Possuem também extraordinário valor os desenhos dos pintores da Expedição. (3) Nota do Leitor
Com a publicação do presente ensaio sobre a Expedição, inicia-se a divulgação do material científico levantado pelos seus membros.
A importância da Expedição russa ao Brasil tornar-se-á particularmente clara se, considerando o nível da ciência no princípio do século XIX, a examinarmos à luz dos dados existentes sobre a América do Sul, que eram, com efeito, bastante exíguos.
As primeiras informações a respeito da América do Sul e em particular de sua população nativa são apenas descrições dos participantes das conquistas — espanhóis e portugueses, conquistadores do Continente recém-descoberto — e também dos missionários que os acompanhavam, sobretudo dos jesuítas. Ademais, convém observar que as descrições mais numerosas e detalhadas referem-se à América Central, México, Peru e outros, e só em menor grau ao Brasil. A despeito de suas imprecisões, elas se revelam frequentemente como única fonte de nossos conhecimentos sobre as populações sul-americanas nos séculos XVI e XVII. Devemos lamentar o fato de que copiosos materiais, atinentes a essa época, se encontrem em arquivos espanhóis e portugueses, dos quais apenas pequena parte foi publicada. Sua utilização pelos cientistas é extremamente difícil, e às vezes eles se tornam inteiramente inacessíveis. Parte dos materiais em arquivos espanhóis foi irremediavelmente perdida, parece, ao tempo da revolução.
As fontes dos séculos seguintes distinguem-se essencialmente das acima mencionadas.