Viagem pelo distrito dos diamantes e pelo litoral do Brasil

está encravado na comarca do Serro Frio; ele faz parte da grande cadeia ocidental e compreende uma área, quase circular, de cerca de 12 léguas de circunferência. Rochedos sobranceiros, altas montanhas, terrenos arenosos e estéreis, irrigados por um grande número de riachos, sítios os mais bucólicos, uma vegetação tão curiosa quão variada, eis o que se nos apresenta no Distrito dos Diamantes; e é nesses lugares selvagens que a natureza se contenta com esconder a preciosa pedra que constitui para Portugal a fonte de tantas riquezas.

Bernardo Fonseca Lobo foi o primeiro que descobriu diamantes no Serro Frio, e não teve outra recompensa além do título de capitão-mor da Vila do Príncipe, com a função de notário na mesma vila. Ignorava-se a princípio a verdadeira natureza dos diamantes encontrados por Lobo; contentavam-se de ver o brilho dessas pedras e usavam-nas como fichas para marcação de jogos. Entretanto um certo ouvidor, que havia morado nas Índias Ocidentais, reconheceu que as pedras brilhantes de Serro Frio não eram outra cousa senão diamantes; conseguiu secretamente um grande número delas e seguiu para Portugal. Ignora-se o ano em que se deu essa grande descoberta; todavia sabe-se que o governador D. Lourenço de Almeida, tendo remetido à corte algumas pedras transparentes, dizia, em carta de 27 de julho de 1729, que as considerava como diamantes; sabe-se ainda que lhe fora respondido não se haver enganado em suas conjeturas, acrescentando mais que duas remessas de pedras semelhantes haviam sido feitas, já, de Minas a Lisboa.

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