fim de alguns instantes o magistrado perguntou ao escravo onde se achava a pedra. Se se pode acreditar na palavra dos brancos, disse o negro, eu estou livre; e, tirando a pedra da boca mostrou-a ao intendente.
Enquanto que os escravos, durante a operação da lavagem, roubam os diamantes, os feitores não empregam menor astúcia em fazer o contrabando, sendo mais fácil a estes últimos entregarem-se a esse comércio ilícito, visto como podem empregar negros de sua propriedade nos serviços onde eles próprios exercem atividades. Sente-se que os escravos nunca teriam sonhado roubar diamantes sem o engodo que incessantemente lhe oferecem os feitores e contrabandistas propriamente ditos. Aventureiros aproveitam-se da noite para chegarem aos diferentes serviços, por caminhos pouco conhecidos, frequentemente quase inacessíveis. Esses têm nas tropas negros subornados que lhes levam os companheiros que tenham pedras a vender. Os diamantes são pesados e são pagos à razão de 15 francos o vintém. Muitas vezes o contrabandista não tem tempo de se afastar do serviço na mesma noite da chegada; então é ele recolhido a uma das casas dos negros, aí ficando escondido durante o dia, regressando na noite seguinte. O contrabandista que se arrisca a ir adquirir diamantes nos serviços encontra mercado para suas pedras principalmente entre os comerciantes do Tejuco e Vila do Príncipe. Outras vezes são comerciantes que vêm do Rio de Janeiro, com fazendas e outras mercadorias, como pretexto para permanecerem na Vila do Príncipe; mas sua verdadeira finalidade é adquirir diamantes. No Tejuco o contrabandista revende a 20 francos os pequenos diamantes, que comprou diretamente dos negros; já