A instrução pública no estado de São Paulo - 2º vol.

ENSINO PRIMÁRIO

1893. "É incontestável o progresso de São Paulo em todas as esferas da atividade social. O aumento das suas rendas, o desenvolvimento das estradas de ferro, a criação de novas indústrias: tudo atesta o desdobramento das forças, da riqueza deste Estado. Em um ponto, entretanto, não se pode desconhecer a lentidão em que tem marchado: é em relação à instrução pública. O coeficiente da população escolar é pequeno, e quiçá diminuindo de quadras anteriores. Não possuímos estabelecimentos de ensino na proporção das necessidades do povo. As escolas sem mobília, em geral, e sem condições higiênicas. Os professores não encontram estímulo. Nada indica o desenvolvimento da instrução. Nem é de hoje esse fenômeno. A nossa sociedade dividia-se em duas classes: a dos que apenas aprendiam os rudimentos ensinados nas escolas públicas e a dos diplomados pelas nossas academias. Dir-se-ia que tendo a escravidão aviltado o trabalho, os brasileiros ficaram reduzidos a fazer com que seus filhos se tornassem proprietários de fazenda, ou se formassem em algumas das nossas Faculdades; e como não havia escolas profissionais, os que não podiam se matricular nas escolas superiores ou faziam-se agricultores nos eitos, ou comerciantes nos balcões e industriais nas fábricas. O resultado é que a massa da população não se achava com o preparo preciso para tomar a direção de seus negócios, e muito menos desempenhar os árduos deveres sociais, que exigem uma preparação científica ou literária, embora pequeno.