A instrução pública no estado de São Paulo - 2º vol.

NOTAS

1891-1893 "... Vicente de Carvalho aceitara, como consultor da Secretaria do Interior, o Dr. Gorceix, protegido de Bueno de Andrade, ambos competentes engenheiros e gente de muito bom coração. Gorceix, grande sabedor de minas, desempregado (fora diretor da Escola de minas em Ouro Preto), meteu-se a reformar a nossa instrução pública por meio de relatórios que ia depositando na Secretaria do Interior. Copiava reformas e regulamentos ou leis destas laudas. O resultado foi um projeto que Bueno de Andrade apresentou à Câmara e que já se achava no Senado, quando Gabriel Prestes veio à cena, como deputado. O projeto era uma confusão, um mostrengo na parte doutrinária e mesmo na parte administrativa. A pressa com que mal o emaranharam, para ser logo apresentado, discutido e promulgado, só se explica pelas tristíssimas e vergonhosas condições em que se achava o ensino público, conforme, sem protestos, declarou na Câmara, Gabriel Prestes em seu discurso de 24 de agosto de 1892. Planejou e reduziu o projeto em substitutivo que foi apresentado no Senado por Paulo Egidio, creio. O Senado alterou a doutrina do substitutivo e deixou a distribuição das matérias numa desclassificação confusa. A mecânica e a astronomia vinham logo no primeiro ano da Escola Normal, ao passo que a geometria e a trigonometria, que as preparavam fundamentalmente, só apareciam no segundo e no terceiro. O Regulamento de 30 de dezembro de 1892 (que nós reformamos ou transformamos no chamado "excelente" de 27 de novembro de 1893), ainda piorou o mal, fazendo a mecânica surgir misteriosamente no fim de uma segunda série do terceiro ano, depois da economia política e doméstica. As alunas podiam estudá-la, como estudavam a álgebra, fruto proibido para elas na reforma Caetano de Campos. Havia além disso uma filosofia literária que Herculano de Freitas defendeu, e um curso de Escola Normal Superior, perfeitamente impraticável... Como a parte administrativa fora mantida e as desgraçadas condições do professorado se melhoravam assim, Gabriel Prestes, professor de bom coração, teve de aceitar o projeto. Veio assim a lei nº 88 que hoje celebram, mas citando o Regulamento de 27 de novembro de 1893, que resulta da lei nossa, a nº 169, a que reformou a lei nº 88. Assim acontece com o decreto nº 27 de Prudente de Morais e Caetano de Campos. Anda ele eternamente citado como a base do bom ensino em São Paulo. Desde e lei reformadora nº 88, esse decreto nº 27 deixou de ser a base na formação