que aperfeiçoam os já descobertos; os que alargam a esfera dos conhecimentos humanos; os que pensam e trabalham pelo resto dos indivíduos da sua raça, todos estes pertencem à classe média, e raras vezes se encontram ou na do baixo povo, ou na da orgulhosa nobreza. Portanto, a educação desta classe se deve dar ainda maior atenção e maior cuidado, do que a dos indivíduos, que se dedicam às profissões científicas e políticas. Os alunos da escola popular devem passar à escola média para ali aprenderem o seguinte: 1º - a língua materna, aprendendo da gramática tão somente aquilo, que é essencialmente necessário para entender a construção do discurso, e acostumando-se a conhecer as belezas da língua por meio de extratos elegantes dos melhores poetas e dos melhores prosadores. 2° - um catecismo ou epítome, que numa coleção de máximas explique de um modo curto e claro o sistema solar, e as leis do movimento, da atração e da gravidade, que tornam a explicação do mesmo sistema mais inteligível e mais perspícua. 3º - outro catecismo de geografia, feito conforme o mesmo plano, isto é, simples, curto e de fácil percepção. 4º - um catecismo de cronologia, e outro de história geral, que dê uma sucinta, mas compreensiva relação dos principais acontecimentos desde a criação do mundo até agora, verbia gratia, o primitivo estado do homem, a sua queda, a corrução antediluviana, o dilúvio, a povoação de todo o mundo pela propagação de uma só família; a vocação de Abraão, e o Decálogo; tudo isto segundo no-lo contam as escrituras sagradas. Depois o estabelecimento dos governos da Grécia e sua mitologia, a guerra de Troia, as quatro grandes monarquias, o nascimento do Salvador, as perseguições do cristianismo, e a seita de Mahomet. Depois a invenção da imprensa, da pólvora, e de astrolábio; a reforma de Lutero; a passagem à Índia pelo Cabo da Boa Esperança, a descoberta da América, a revolução de França, e enfim todas as grandes descobertas nas artes e nas ciências. Como apêndice a estes dois catecismos, outro de cronologia e outro da história portuguesa. 5º - um catecismo de ética e de moralidade. Por se não darem logo no princípio à mocidade justas ideias de seus deveres resulta grande estrago da moral pública. 6º - um catecismo político, onde se explique a Constituição do Estado, isto é, os direitos que ela afiança, e as obrigações que impõem ao cidadão; a importância das leis, a utilidade de sua observância e os prejuízos da sua violação; a necessidade dos tributos, os princípios porque se regula o uso da moeda, o valor das cousas, a subida e a baixa dos salários; e finalmente as ideias mais gerais, relativas ao comércio, agricultura e indústria. (Se nos ensinam na nossa infância, os dogmas abstratos da teologia e as abstrações metafísicas do mecanismo das línguas, porque motivo se não hão de ensinar também os elementos