Ademais, as definições pecavam de início pela limitação que impunham ao alimento uma única porta de entrada no círculo vital — o aparelho digestivo. Alimento, definiam os antigos fisiologistas, é tudo aquilo que, penetrando pelo aparelho digestivo, vai servir ao organismo... etc. Ora, nada menos científico do que este conceito diante dos nossos conhecimentos atuais. Sabe-se perfeitamente que as plantas se alimentam como os animais e não possuem aparelho digestivo organizado. Além disso, na série animal a alimentação executa-se nos organismos elementares, unicelulares, onde os fenômenos digestivos são desempenhados pelas funções gerais da célula. Só com a organização celular progressiva através da escala biológica e a constituição de individualidades superiores, a divisão do trabalho imposta pelas necessidades vitais vai originar a criação dum aparelho especializado para introdução e preparação dos alimentos antes de penetrarem verdadeiramente no meio vital. Constitui-se assim o aparelho digestivo — tubo de ensaio anexo ao ser vivo onde se efetuam as reações preparatórias da nutrição (Claude Bernard). Ainda mais, o oxigênio que penetra na economia dos animais superiores através de um outro aparelho organizado — o aparelho respiratório — tem propriedades que o incluem evidentemente entre as substâncias alimentares.