Alimento é tudo aquilo que, encontrado no meio exterior, pode servir à nutrição dos seres vivos seja qual for sua via de entrada no meio vital. Nesta última definição, abandonada a preocupação de origem e das vias de penetração do alimento, ressalta como traço distintivo da alimentação, o seu caráter utilitário. O alimento diferencia-se da substância inerte sob o aspecto nutritivo, por seu valor de utilidade latente aos seres vivos. Daí a definição de Claude Bernard: "Alimento é toda a substância necessária ao equilíbrio dos fenômenos do organismo são e à reparação das perdas que ele sofre constantemente". Semelhante é a definição de Duclaux: "Alimento é toda substância que contribui para assegurar o bom funcionamento de cada um dos órgãos do ser vivo".

Até aí a utilidade do alimento era unicamente material, o seu papel era fazer circular a matéria ambiente através da matéria viva: era manter o "turbilhão vital" de Cuvier, círculo da matéria, característico da nutrição e até então distintivo da vida (Dastre). A outra face do valor alimentar — o poder energético do alimento — constitui o resultado das assombrosas investigações da Fisiologia moderna que firmaram a noção do círculo da energia. Estes estudos partiram das experiências de Lavoisier e Laplace e da concepção das combustões orgânicas dos seres vivos e levantou-se em suas bases integrais depois que