Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

e obediência ao Príncipe Regente. Como uma mercê real, ao deixar o exército, prometeu grande aumento de soldo para todos, ficando os oficiais brasileiros no mesmo pé que os do exército português. Os ministros que aconselharam esta medida agiram com crueldade em relação ao governo que deixavam atrás deles. O Tesouro ficou vazio com a partida do rei, enquanto se prometia um aumento de despesa acima de todo precedente, além de outros encargos para a renda do príncipe. Sua Majestade publicou, no mesmo dia, uma despedida aos habitantes do Rio. Não se pode imaginar que ele pudesse deixar o lugar que para ele tinha sido um posto de segurança durante a tempestade em que a maior parte de seus irmãos monarcas havia sido maltratada, sem sentir saudades, se não afeição.

O Príncipe também, ao assumir o governo, endereçou aos brasileiros uma proclamação que reproduziremos na íntegra, já que enuncia suas intenções:

PROCLAMAÇÃO

de 27 de abril de 1821

"A obrigação de atender primeiro que tudo ao interesse geral da Nação forçou meu Augusto Pai a deixar-vos e a encarregar-me do cuidado sobre a pública felicidade do Brasil até que de Portugal chegue a Constituição, e a consolide.

E julgando eu mui conveniente nas presentes circunstâncias, que todos desde já conheçam quais sejam os objetos de administração em geral, a que especialmente atenderei; não perco tempo em manifestar que o respeito austero às leis, vigilância constante sobre seus aplicadores, guerra contra as ambages com que elas desacreditam e enfraquecem, serão os objetos de minha primeira atenção.

Altamente agradável Me será antecipar todos os benefícios da Constituição, que puderem ser conjugáveis com a obediência das nossas leis.