Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

de Lisboa. Toda a atenção do governo concentrou-se então em preservar a tranquilidade até a chegada das instruções das Cortes relativas à forma de governo a ser adotada.

Acreditava-se confiantemente que a presença de deputados brasileiros, a importância do país e a consideração de que ele tinha sido o abrigo do governo nos dias tempestuosos da revolução, induziriam as Cortes a não mais o considerarem uma colônia, mas uma parte equivalente da nação, e que ele pudesse conservar seus tribunais separados, civis e criminais, e todas as vantagens consequentes de uma pronta aplicação das leis.

Este era o estado do Brasil, de modo geral, ao chegarmos ali, a 21 de setembro de 1821. Muito do que poderia interessar, foi omitido, em parte porque não tinha um conhecimento perfeito dos fatos para me aventurar a escrever, em parte porque estamos muito próximos do tempo da ação para conhecer os motivos e as molas que guiaram os atores, e, em geral, nem o meu sexo nem minha situação me permitiam informações especiais relativas aos acontecimentos políticos de um país em que as publicações periódicas são raras, recentes e, apesar de legalmente livres, de fato, devido às condições dos tempos, imperfeitas, temerosas e incertas. O que ousei escrever é, confio, correto quanto aos fatos e datas. Destina-se a ser mera introdução, sem a qual o diário daquilo por que passei durante a estada no Brasil seria dificilmente inteligível.