Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

na cidade, resolvidos a defender a constituição e o Príncipe Regente, ao qual exprimiram submissão ilimitada.

Nada poderia ser mais importante para os interesses do príncipe nesse momento. Os paulistas são considerados os mais audazes, generosos e esclarecidos entre os brasileiros. Fica-lhes a terra no mais feliz dos climas. As minas de São Paulo são ricas não só de metais preciosos, mas também de úteis. Abunda o ferro, tão rico que atinge 93%, e carvão. A indústria dessa província está mais adiantada que a de todas as outras. Os cereais e o gado são ali abundantes bem como todas as espécies da produção brasileira. A agricultura é também cultivada e a cidade, pela sua distância do mar, está livre dos ataques de qualquer potência estrangeira, ao mesmo passo que é totalmente independente de abastecimento externo.

Infelizmente o porto de Santos apresentava um aspecto diverso durante os primeiros dias de junho. O primeiro batalhão de caçadores, reunido diante da casa do governo, e acusando o governador e a câmara de reter-lhe os soldos, prendeu-os e aprisionou-os a fim de forçá-los a entregar o dinheiro que pediam. Vários assassínios se cometeram durante a insurreição, e vários roubos, tanto nas casas quanto nos navios no porto. Alguns navios de guerra, porém, foram rapidamente enviados do Rio, assim como um destacamento da milícia de São Paulo. 50 dos insurgentes foram mortos e 240 feitos prisioneiros. Depois disso, tudo tornou à tranquilidade e, tomadas as medidas da maior conciliação em relação ao povo, a paz continuou.

Os três meses seguintes se gastaram quase todos em estabelecer juntas provisórias nas diferentes capitais. Muitas das capitanias haviam, à vista do juramento de defender a constituição, adotado espontaneamente essa medida. Outras, como Pernambuco, haviam sido impedidas pelos seus governadores de promover tal mudança, até que os decretos do Príncipe, de 21 de agosto, determinando essa medida, os alcançaram. Tais decretos foram seguidos por outro, de 19 de setembro, ordenando às juntas que se comunicassem diretamente com as Cortes