jardim, principal ornamento da cidade, vai-se tornando selvagem e a casa está abandonada.
A Árvore do Dragão é o vegetal de crescimento mais vagaroso. Parece também ser o mais lento na decadência. No século XV, a de Oratava havia atingido a altura e tamanho que ostentava até 1819. Pode ser que já tivesse atingido a flor da idade alguns anos antes. Dificilmente menos de um milênio decorreu até que ela alcançasse o tamanho completo. Com exceção das Arvores do Dragão da Madeira, a única palmeira de múltiplas cabeças que vi antes foi a de Mazagong, em Bombaim. É coroada, porém, por uma folha como a de palmito. Mas os tufos da do Dragão parecem com a yucca no crescimento. A palmeira de Mazagong, como a adansônia em Salsette, diz-se que foi ali levada por um peregrino da África, provavelmente do Alto Egito, onde os últimos viajantes assinalam esta palmeira.
Na nossa volta do jardim para a casa de Dom Antônio fomos gentilmente recebidos por sua mulher e sua filha. A última executou excelentemente uma longa e difícil peça de música. Era uma ária inglesa, em homenagem a nós, ainda que tivéssemos preferido alguma canção nacional da terra. Após a música fomos levados a uma mesa que se estendia na galeria que circunda o pátio aberto no centro da casa, coberta de frutas, doces e vinhos que nos foram oferecidos com instância e com a maior hospitalidade. Até que, sendo tempo de voltar, ambas as moças me beijaram e começamos nossa viagem morro abaixo, visitando primeiro as igrejas, que são belas e espaçosas, bastante no estilo das da Madeira, porém mais bonitas.
Enquanto caminhávamos, observamos um grande convento dominicano, o único agora da ilha. A recente lei aprovada pelas Cortes espanholas, de supressão das casas religiosas, foi aqui estritamente cumprida. Cada ordem só tem permissão de manter um convento. Criaram-se grandes dificuldades para a profissão de novos membros. Quanto à revolução aqui, os habitantes souberam por fontes autênticas, posto que não oficiais, aquilo que se passara na mãe pátria, três semanas antes de