Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

surpreendida por verificar quanto era possível sair de casa sem sofrer os malefícios do calor estando tão próximo ao equador, mas a constante brisa marítima que aqui se faz sentir diariamente às 10h, mantém uma temperatura sob a qual é sempre possível fazer exercício. A parte quente do dia é das oito, quando falha a brisa terrestre, até às dez. Quando devíamos passar a ponte de pedra, para voltar ao barco, que tivera ordem de vir ao nosso encontro na ponte do Recife, porque a maré vazante o deixaria a seco na angra em que desembarcáramos, deixamo-la de lado e dirigimo-nos para Santo Antônio, em direção a Boa Vista. Quando chegamos à ponte de madeira, com 350 passos de comprimento, que a liga a Santo Antônio, vimos que ela havia sido cortada pelo meio e que agora só podia ser atravessada por meio de duas tábuas facilmente retiráveis no caso dos sitiantes ocuparem a Boa Vista. Não pode haver nada mais belo no gênero do que o vivo panorama verde, com o largo rio sinuoso através dele, e que se avista de cada lado da ponte, e as construções brancas do Tesouro e Casa da Moeda, os conventos e as casas particulares, a maioria das quais com seu jardim. A vegetação é deliciosa para os olhos ingleses. Não tenho dúvidas que os prados planos e os rios que fluem vagarosamente atraíram particularmente os holandeses, fundadores do Recife. Voltamos atrás pela ponte de pedra, que tem de comprimento 280 passos, como pretendíamos. Procuramos em vão pelas lojas. Nenhuma estava aberta, visto que todos os comerciantes estavam convocados para o serviço militar. Formam eles a milícia, e como muitos deles são europeus, e como esperam ser saqueados no caso dos brasileiros da terra tomarem a cidade pela força, são os mais zelosos nos deveres militares.

No fim de cada rua encontramos um canhão leve, e nas cabeceiras das pontes, dois, com morrões acesos. Em cada posto éramos interpelados pela guarda. No fim da ponte de pedra, no ponto das Três Pontes [Pontas](46),Nota do Autor adiante do Recife, os guardas eram mais numerosos e