Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

e voltava para o sertão [no original Certam], ou região selvagem do interior. Os sertanejos constituem uma casta de homens rudes e ativos, na maior parte agricultores. Trazem milho e cereais, toucinho e doces, às vezes couros e sebo. Mas o açúcar, o algodão e o café, que formam os produtos principais de Pernambuco, exigem terras mais quentes, mais ricas, junto à costa. O algodão, contudo, é também trazido do sertão, mas é uma colheita precária, dependente inteiramente da quantidade de chuva na estação, e às vezes não chove no sertão durante dois anos. A família que encontramos formava um grupo muito pitoresco: os homens vestidos de couro dos pés à cabeça. A jaqueta leve e as calças são tão apertadas como as roupas dos mármores de Egina, e produzem mais ou menos o mesmo efeito; o pequeno chapéu redondo tem a forma do petaso de Mercúrio. Os sapatos e polainas da maior parte eram excelentemente adaptados para a defesa das pernas e dos pés no cavalgar por entre as asperezas. O tom geral do conjunto era um belo castanho queimado. Fiquei aborrecida porque a mulher do grupo vestia uma roupa evidentemente à moda francesa. Estragava a unidade do grupo. Ia montada por trás do homem principal, num dos pequenos e espertos cavalos da terra. Vários cavalos de carga seguiam atrás, carregados de objetos caseiros e outras coisas obtidas em troca de suas provisões; roupas, tanto de lã como de algodão, louças de barro e outros artigos manufaturados, especialmente facas, é o que eles geralmente trazem de volta; contudo vi algumas alfaias, com pretensões a elegância, entre as mercadorias da família que encontrei. Depois dos cavalos veio um grupo de homens, alguns a pé, acompanhando o passo dos animais, outros a cavalo e carregando as crianças. A procissão terminava com um homem corpulento e de boa aparência, que passou a fumar, e que se distinguia por um par de calças verdes de baeta.

A tarde saímos a cavalo. Não sei se porque havíamos ficado muito tempo a bordo do navio, sem fazer exercício, não sei se por causa da particular doçura e frescura da tarde, após um dia tropical e sufocante que havíamos