Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

balas de seus mosquetes e espingardas de mecha. O chumbo, e uma quantidade de espingardas, os amigos, que estavam dentro da cidade, remeteram por contrabando. Os fuzis foram obtidos da maneira seguinte: em cada engenho havia sempre uma ou duas espingardas velhas a fim de servir de reserva para algumas peças do maquinismo. Foram mandadas imediatamente para Cachoeira onde, limpas e renovadas por hábil ferreiro, tornaram-se utilizáveis. Com estas armas os patriotas aventuraram-se a enfrentar os partidários de Madeira, mesmo antes da chegada de qualquer auxílio do Rio.

Enquanto isso chegavam ao Rio as notícias desses procedimentos, bem como dos decretos das Cortes de Lisboa. O Príncipe e o povo não hesitaram mais. Sua Alteza Real, juntamente com o Conselho, expediu as proclamações de 3 de junho, convocando uma assembleia representativa e legislativa, a ser composta de membros de cada província e vila, a reunir-se no Rio(*);Nota do Tradutor

e a 1° de agosto publicou aquele nobre manifesto no qual afirma abertamente a independência do Brasil, expõe claramente os fundamentos de suas queixas e exorta o povo a não ouvir outra voz senão a da honra e que não ressoe outro grito, do Amazonas ao Prata, que não seja de "independência".(**)Nota do Tradutor No mesmo dia foi expedido um decreto para resistência às hostilidades de Portugal, contendo os seguintes artigos: 1) Todas as tropas mandadas ao Brasil por qualquer país que seja, sem autorização dada pelo Príncipe, serão consideradas inimigas; 2) Se vierem em paz, deverão permanecer a bordo de seus navios e não ter comunicação com a terra, mas, após receber mantimentos, deverão partir; 3) Em caso de desobediência serão repelidas pela força; 4) Se elas forçarem um desembarque