Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

O Senhor Ribeiro de Andrada(*)Nota do Tradutor então, aceitando a observação do Senhor França de que o lorde havia somente cumprido o seu dever, perguntou se não devia um homem receber agradecimentos por ter cumprido um dever importante. Além disso, ainda que o bloqueio da Bahia fosse um dever, a conquista do Maranhão foi alguma coisa a mais; foi procedida a seu critério exclusivo, ficando os riscos por sua conta. O senhor Lisboa(**)Nota do Tradutor

observou, quanto a estar abaixo da dignidade da assembleia representativa do Brasil o agradecer a um indivíduo, que o parlamento inglês não escrupulizava em agradecer a seus chefes navais e militares. E o que fazia o Parlamento Inglês poderia estar abaixo da Assembleia do Brasil? Quisesse Deus que a Assembleia pudesse um dia competir com o Parlamento Britânico! Depois disso houve mais debate entre Montezuma e Costa Barros; o primeiro retomando o assunto do desafio; Barros aceitando e afirmando que não se recusava a ele; ao que um deputado do mesmo partido observou sarcasticamente, erguendo-se somente pela metade ao falar, que os que desejassem realmente lutar não deveriam falar do assunto claramente na Assembleia Geral. Isto pôs termo à disputa, e o voto de agradecimento passou só com os votos de Montezuma e França em contrário. E assim se passou este dia de sessão.

Devo dizer, quanto ao povo daqui, que ele parece sentir que com Lorde Cochrane conseguiu um tesouro. Que alguns apontem suas faltas e outros demonstrem inveja, é bem verdade. Mas quando não foi assim? Às vezes exclamo:

\"O, what a world is this, where what is comely

Envenoms him that bears it!
\"

E outras vezes encaro o assunto com mais facilidade, e digo friamente com o espanhol:

\"Envy was honour\'s wife, the wise man said

Ne\'er to be parted till the man was dead.
\"