Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

dez minutos e talvez nunca visse de novo. Corri para cima, tal como sua senhora e sua filha. Uma súbita mudança de vento havia sucedido. Antes que o sentíssemos vimo-lo aproximar-se empurrando o mar furiosamente diante de si, e erguendo enorme vaga. O encontro dos dois ventos ergueu o mar acima de qualquer ponta de mastro numa longa extensão, como as ondas numa linha de pedras. Foi o mais belo, ainda que medonho, espetáculo que jamais vi; o mar erguia-se por cima de nosso pequeno barco ameaçando enchê-lo. Mas as escotilhas estavam fechadas, estávamos à capa em rumo certo, e passáramos uma sirga pelas abitas a fim de sustentar o mastro do traquete, caso perdêssemos nosso gurupés, como esperávamos a cada momento. Mas em 20 minutos o tufão moderou e embicamos para Falmouth, que atingimos esta manhã, deixando o tombadilho de um navio que sem dúvida teria afundado na tempestade de ontem. Mais uma vez estou na Inglaterra, e para usar as palavras de um escritor venerável, apesar de apócrifo(*),Nota do Tradutor direi: "Porei aqui fim à minha narração. Se ela está bem, e como convém à história, isso é também o que eu desejo; mas se, pelo contrário, é menos digna do assunto, deve-se-me perdoar".(131)Nota do Autor