17 [de novembro] — Lat. N. 5°, Long. 25° O. Há vários dias que o termômetro está a 80°. A temperatura do mar ao meio-dia é 82°. Falamos com a "Pombinha", a 60 dias do Maranhão. Disse que Lorde Cochrane havia seguido para o Pará, de onde pretendia partir diretamente para o Rio, de modo que a estas horas já deve estar lá, visto como a "Pedro I" navega bem. Não tive oportunidade de saber mais, já que o navio passou depressa.
Falando de modo geral, temos tido ventos quentes da África e há uma sensação sufocante no ar que o estado do termômetro dificilmente registra. Noto que as velas estão todas tintas com uma cor avermelhada, e logo que uma corda roça sobre elas adquire um aspecto de ferro. O capitão e os oficiais atribuem isso ao vento da África. Estavam perfeitamente brancas ao deixarmos o Rio, não foram ferradas nem afrouxadas. Qual será a natureza da poeira ou da areia que assim nas asas do vento atravessa tantas milhas do oceano e tinge as velas? Poderá esta areia miúda, que nos faz respirar como nas horas sufocantes que precedem uma tempestade, atingir os pulmões?
3 de dezembro — Chegamos à vista de Santa Maria, a ilha mais oriental dos Açores. Queria muito ter tocado em algumas dessas ilhas, mas agora não é boa estação para isso, e os ventos que temos tido são desfavoráveis para esse fim. Esta tarde, quando passávamos bastante perto para ver ao menos a fisionomia da terra, o tempo estava pesado e chuvoso, e assim nada percebemos.
18 [de dezembro] — Depois de passar os Açores, uma longa série de rajadas do nordeste conservou-nos longe da terra. Foram seguidas de três belos dias e o mar, que estivera pesado, ficou macio. Anteontem cedo, porém, começou a soprar muito forte do noroeste e ontem de manhã mudou para uma rajada do sul e sudoeste. Ficamos com as velas paradas em um mar tremendo. Há cerca de uma hora o capitão chamou-me e quis que eu fosse ao tombadilho para ver o que poderia não durar