Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada nesse país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823

ao país. A costa foi dividida por Dom João III em capitanias, muitas das quais estendendo-se por 50 léguas. Cada uma delas foi considerada hereditária e concedida a qualquer que quisesse embarcar com meios suficientes para a aventura. A esses donatários foi concedida uma jurisdição ilimitada, tanto no crime como no cível.

A primeira pessoa a tomar posse de uma dessas capitanias, em 1531, foi Martim Afonso de Sousa, que reivindica por vazes o título de descobridor do Rio de Janeiro, embora essa designação tenha sido dada à baía por Solis 15 anos antes. Sousa foi provavelmente impedido de fixar-se nas praias desta baía pelo número e ferocidade das tribos indígenas que as ocupavam. Seguiu, por isso, para o sul, dando nome aos acidentes geográficos: ilha Grande dos Magos encontrada no 12º dia, quando

"Três reis, ou, o que mais vale, três sábios

Lá vão para o ocidente em busca do verdadeiro oriente do mundo"(7);Nota do Autor

São Sebastião no 20º, e São Vicente no 22º dia. Mas, depois de haver seguido para o sul até o Prata, voltou às vizinhanças de São Vicente, onde finalmente fundou sua colônia, e de onde tirou o nome para toda a capitania.

Martim Afonso de Sousa não era homem comum. Não relaxou os cuidados para com a sua colônia, mesmo depois de voltar ao reino e ser enviado como governador geral à Índia, onde já se havia notavelmente distinguido antes. Foi ele quem introduziu ali a cana-de-açúcar importada da ilha da Madeira. Foi ali, também, que se criou o primeiro gado vacum, que se espalhou por todo o continente da América do Sul. Estas cousas revelaram-se de mais valor real para a terra do que suas minas.

Pero Lopes de Sousa, irmão de Martim Afonso de Sousa, recebeu suas 50 léguas de costa em dois lotes: um, de Santo Amaro, ficava imediatamente ao