entraram pela baía de Todos os Santos e já haviam iniciado o comércio com os índios quando o comandante português Cristóvão Jaques, entrando pelo porto e percorrendo todas as suas enseadas, os descobriu e afundou-lhes os navios com tripulações e cargas. Pela mesma época, um jovem fidalgo português que havia naufragado num banco de areia fora da entrada da barra(5),Nota do Autor e que vira uma parte de seus companheiros morrerem afogados e a outra devorada pelos índios, empreendeu a pacificação dos nativos. Havendo salvo do naufrágio um mosquete e alguma pólvora, e conseguindo alvejar um pássaro, na presença dos selvagens, ficou sendo chamado Caramuru, ou o homem de fogo, e, acompanhando-os numa expedição contra os inimigos tapuias, tornou-se o favorito da tribo. Casou-se com uma índia e fixou residência no local hoje chamado Vila Velha, perto de uma excelente fonte e não longe da entrada da baía.
Caramuru, porém, sentiu saudades de sua terra natal e, aproveitando então a oportunidade oferecida pela chegada de uma nau francesa, seguiu com sua mulher para a França, onde foram bem recebidos na Corte. O rei e a rainha serviram de padrinhos no batizado da mulher brasileira, cujo casamento foi então celebrado pelo ritual cristão. Caramuru não teve entretanto licença para ir a Portugal. Mas, por intermédio de um jovem português estudante em Paris(6),Nota do Autor fez saber sua situação ao rei Dom João III, a quem encareceu a necessidade de enviar uma expedição à baía de Todos os Santos. Logo depois Caramuru voltou à Bahia, concordando em fretar dois navios com pau-brasil como pagamento de sua passagem, da artilharia dos navios e das mercadorias necessárias para o comércio com os índios.
Enquanto, porém, o Brasil não produzia ouro, nem proporcionava os lucros comerciais que os portugueses obtinham nos negócios da Índia, permaneceu quase inteiramente entregue a si mesmo durante os primeiros 30 anos depois de descoberto. As determinações legais então adotadas pela Corte não foram, talvez, as mais favoráveis