História econômica do Brasil; 1500-1820

indelével de nossa história. Praticamos essa condenável instituição em uma época em que a noção do trabalho era outra e como um imperativo inelutável de nossa formação econômica. Aliás, fomos dos mais brandos na sua utilização; e o entrelaçamento de classes que entre nós se verifica comprova esse fato, pois tal não seria possível, se o ódio de raças tivesse aqui se arraigado, como resíduo e reação contra iníquos tratamentos do passado.

Teremos oportunidade de salientar, quando tratarmos dos problemas da mão-de-obra do século XIX, e dos fatos econômicos ligados à abolição, quanto a máquina concorreu para a libertação definitiva do homem. Examinaremos, então, o inventário geral da produção que ficamos devendo ao braço escravo.

Os altos sentimentos humanitários, revelando uma cultura e uma civilização mais avançada, só se tornaram vitoriosos nos vários Estados, quando se atenuou, por um enriquecimento mais generalizado, a luta pela subsistência. O mal fundamental dos regimes políticos e sociais do passado consistiu na criação de castas, na limitação de suas possibilidades, nas tentativas de circunscrição de enriquecimento dos povos a determinadas classes privilegiadas, quando o objetivo da civilização deve ser a difusão do bem-estar e da cultura pelo maior número, o maior progresso distribuído pela maior massa.

No desenvolvimento desta cadeira, teremos ensejo de verificar como, nesse particular, se apresenta a situação da população ativa do país, em diferentes épocas, e quais os elementos que a história econômica pode oferecer para melhor orientação dos poderes públicos em tão importante assunto.

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