História econômica do Brasil; 1500-1820

"Pelo dito rio ou pelo seu caminho, lhe entram os gados de que se sustenta o grande povo que está nas minas, de tal sorte que de nem uma parte lhe vão nem lhe podem ir os ditos gados, porque não os há nos sertões de São Paulo nem nos do Rio de Janeiro."



O gado do sul

A emulação provocada pelo alto preço do gado bovino nas zonas de mineração e as dificuldades decorrentes do fornecimento exclusivo proveniente da faixa de criação ligada à economia do açúcar, quando as catas se distendiam por longínquas áreas, trouxeram como consequência a instalação de fazendas em Minas, Goiás e Mato Grosso e a procura do gado da região sulina que os paulistas, aliás, visitavam desde os princípios do século XVII. Portugal, com o hábil gesto político da ocupação da colônia do Sacramento, firmou sua resolução de levar os seus lindes às águas do Prata, incorporando ao patrimônio lusitano uma grande região onde abundava o gado.

São contraditórias as notícias sobre a introdução dos primeiros gados no vale Platino. Southey assim reproduz o lendário conto das Vacas de Gaeta:

"Na governação de Yrala (1556) trouxe o capitão, Juan-de-Salazar sete vacas e um touro da Andaluzia para o Brasil, levando-os daqui por terra, seguindo provavelmente a mesma direção tomada por Cabeça-de-Vaca para o Paraná defronte da foz do Monday. Ali construiu uma jangada para o gado, deixando um certo Gaeta que o transportasse por água para Assunção, enquanto ele seguia por terra. Uns poucos de meses gastou na viagem a jangada, cujo arrais recebeu em recompensa uma das vacas. Ainda hoje se diz proverbialmente entre os espanhóis - a vaca de Gaeta -