História econômica do Brasil; 1500-1820

Ao Exmo. Sr. Dr.

Affonso d'Escragnolle Taunay.

Constitui um característico das regiões secularmente civilizadas a presença de instituições sociais, e de capitais acumulados pelas gerações passadas, representados por artefatos diversos, melhoramentos materiais e obras públicas. Os que aí nascem utilizam-se, ainda que inconscientemente, de todos esses elementos. E desde que se achem entrosados no ritmo progressista da civilização em que surgiram, acrescentam, às vezes sem se aperceber, e com relativa facilidade, novas criações às que encontraram.

Possuem, esses constituintes sociais, uma mentalidade própria, hábitos e necessidades de conforto a que se não podem forrar, mesmo quando emigram. Daí os diversos aspectos das várias políticas colonizadoras.

Os emigrantes para as regiões virgens podem dispor de capitais e aparelhamentos que lhes permitam, desde que encontrem meio favorável, alcançar rapidamente condições iguais ou melhores do que as que usufruíam em suas terras de origem. Foi o caso dos colonizadores da Bahia e Pernambuco, transportando capitais lusitanos para a implantação dos engenhos de açúcar, indústria que se mostrou fartamente remuneradora, como a dos ingleses, nas zonas temperadas da América do Norte.

Podem deparar, no novo ecúmeno que vão constituir, riquezas naturais, de tal maneira fartas e de tão fácil extração, ou condições de produção de tal monta,