Mocidade e Exílio (cartas inéditas)

Cazuza (1)Nota do Prefaciador, ao Juca (2)Nota do Prefaciador, ao Carlos (3)Nota do Prefaciador, etc. Aí vai mais uma encomendazinha, confiada aos teus cuidados. Ama-me sempre, minha Cota, como te ama o teu R.

10 set.

Minha Cota

Vejo ainda pela tua carta de ontem a aflição, o desconsolo de teu espírito. Coragem e resignação, minha Maria Augusta. Não te entregues ao sofrimento, que trará consigo a doença e, portanto, para teu marido, o desânimo e o desespero. Meu conforto nestes longos dias insuportáveis, é pensar em ti, considerar que, ao menos, não te falta a saúde, a companhia dos filhinhos, a afeição de alguns amigos. Se adoeceres, não me conterei: irei, a despeito de todos os perigos, estar a teu lado. Isso, infalivelmente. Já necessito de forças quase sobre-humanas, para reprimir a minha impaciência e a minha indignação, ao ver-me encerrado como criminoso, como suspeito, quando, (tu bem sabes, minha Maria Augusta) sou absolutamente estranho a este movimento, de que apenas tive, na véspera e no dia, comunicação por pessoas que receavam ver-me