injustamente colhido pelas vinganças do governo.
Dize à Dedelia e Chiquita que guardo, e releio de vez em quando, carinhosamente, as cartinhas com que elas me visitam. Se não lhes respondo a cada uma, é porque não tenho bastante serenidade, para fazê-lo. Se eu fosse culpado, facilmente me acomodaria à minha posição. Mas, inocente, como quem mais o fôr, em tudo isto, essa minha vivíssima sensibilidade à injustiça, que me inflama na defesa dos outros, revolta-me agora contra essa miserável condição, a que descemos, de ter a liberdade, a propriedade e a vida entregues nas mãos de um déspota mais completamente do que os nossos antigos escravos, cujos dias, ao menos não corriam perigo, estavam entregues ao arbítrio dos senhores.
Dize à Dedelia que muito agradáveis me são os bons sentimentos para contigo, que a sua cartinha me revela. A de Joãozinho deu-me mt. prazer, e bem podes calcular com que ternura a li e a amimei. Parecia-me ter-lhe entre as mãos a cabecinha loura, e beijá-la, como eu fazia ainda há pouco. Eles que me continuem a acompanhar com estes carinhos.
Estou te escrevendo, sem saber ainda quem te levará esta carta. O nosso portador assustou-se, e disse-nos ontem que não voltaria mais. Não havia razão nenhuma para esse medo. Mas seria