Deixamos patente a indisciplina governamental quer durante o reinado de Luis XV e Luis XVI quer durante o período republicano. Essa indisciplina contagiou o elemento popular cujas massas se entregaram a toda sorte de excessos e não só apoiavam todas as medidas violentas da Comuna de Paris, da Convenção Nacional e da Junta de Salvação Pública, como excitavam e exigiam a prática diária de tais violências. A anarquia governamental e social foi o triste resultado dessa situação em que os homens ainda os mais eminentes se entredevoravam pelo choque das ambições, dos desvarios e dos ódios que os dividiam.
O exército que se mantivera fiel à realeza e que fora conservado nas fronteiras sempre ameaçadas de invasão, desorganizado e desarticulado pela república, não merecia confiança e foi substituido pela guarda Nacional.
A situação da França parecia irremediável quando as primeiras coligações estrangeiras se formaram para combater o regime republicano. A Assembleia Legislativa recorreu ao voluntariado e a Convenção Nacional ao levantamento em massa. Assim se organizaram os gloriosos exércitos que sob o comando de eminentes generais salvaram a nação dos inimigos externos e da anarquia interna.
A realeza, desmoralizada e impotente, caíra aos poucos, aos pedaços. A república surgira no meio do caos sem um forte partido político que a amparasse e a organizasse em bases sólidas e duradouras. As facções criadas no seio da Convenção Nacional extremaram-se em lutas por princípios divergentes e antagônicos, tendo obtido cada qual um domínio efêmero sem conseguir enraizar-se na opinião. De violência em violência chegou-se à flecha máxima da curva da demagogia sanguinária. Ao povo exausto e miserável