As forças armadas e o destino histórico nacional

só restava uma salvação: lançar-se nos braços dos generais vitoriosos.

Entre estes avultava a figura inconfundível de Napoleão excitando entusiasmos na imaginação popular. Nessa emergência ele seria tudo quanto quisesse. Inteligência superior, compreendeu o seu tempo e aproveitou habilmente a situação para satisfazer suas ambições. E assim, quer queiram quer não queiram, salvou a França da anarquia, quiçá do esfacelamento. Deram-lhe o consulado por dez anos e logo depois o vitalício. Era a ditadura, como dissemos. O momento histórico exigia um governo forte e duradouro. Seria a ditadura esse governo? Absolutamente não.

Quer os pseudossociólogos e pseudofilósofos aceitem quer não, a ditadura é um governo republicano porque ela só será viável e só se manterá pela vontade popular. Fora disso será ditadura bastarda, será despotismo, será tirania, fatalmente condenada. Foi ensaiada e praticada nos tempos da República Romana, em ocasiães de calamidade pública que exigia um governo forte, porém efêmera e temporariamente. A de Caio Julio Cesar com tendências à permanência só serviu como transição entre a República e o Império. E isso é história antiga porque o desaparecimento do Império Romano foi o termo inevitável da evolução de um ciclo histórico e político para dar nascimento a um outro pela formação das nações modernas que, por sua vez, terão que percorrer novos ciclos até que se firme no planeta uma ordem universal e definitiva.

Ora, no alvorecer do século XIX a França como as outras nações longe estava ainda de atingir o momento histórico e político em que seria viável o governo ditatorial, único talvez nos tempos modernos capaz de obter a necessária e imprescindível unidade de direção e a convergência de esforços dos cidadãos no sentido do bem estar geral. A ditadura naquela hora histórica