Este homem porém foi Annibal Barca, o maior dos capitães da antiguidade na opinião de Napoleão Bonaparte, um dos maiores de todos os tempos, só igualado e excedido pelo próprio Napoleão. Como este, foi também habilíssimo político.
"O primeiro nos combates, o último na retirada, era ao mesmo tempo o melhor infante e o melhor cavalariano entre todos" para Tito Livio. Audaz e prudente, infatigável e sóbrio, resistente ao frio intenso e ao calor excessivo, não perdia a menor imprudência do inimigo, aproveitando-a sempre inteligentemente. Disciplinado e disciplinador, cuidando mais dos seus soldados que de si mesmo, justiceiro e magnânimo para os aliados, era inexorável no castigo dos que se opunham aos seus desígnios. Nunca os exércitos de mercenários se revoltaram contra o seu egrégio general, fato único talvez na História, suficiente por si só para caracterizar um verdadeiro condutor de homens.
Tal foi o herói que, abandonado de Cartago, se bateu durante 17 anos contra o maior povo de então, ao qual não venceu porque à decadência moral e cívica da sua pátria contrastava flagrantemente a crescente exaltação cívica e moral do inimigo. Era, como dissemos, a luta entre uma civilização que definhava e decaía e uma civilização que se engrandecia.
Roma, receiosa da expansão cartaginesa na Espanha e observando que Cartago recuperava o seu antigo prestígio pelos grandes lucros que obtinha do intenso comércio a que se dedicara após a primeira guerra púnica, firmou com Asdrubal um tratado pelo qual reconhecia as possessões dos cartagineses na península e estabelecia o Ebro como limite entre os signatários. Em seguida assina tratado de aliança com os saguntinos, povo greco-latino dotado de excelsas qualidades morais e cuja capital era Sagunto, situada na foz e à margem esquerda desse rio.