As forças armadas e o destino histórico nacional

No limiar da Idade Moderna, aproveitados os conhecimentos adquiridos sem interrupção, fixadas as fronteiras daquelas grandes e pequenas nações da Europa, mais ou menos compreendidas as respectivas missões históricas, atiram-se elas aos mares desconhecidos, sem olhar dificuldades e perigos, desejosas de saber e conquistar o que porventura neles existisse de interessante e lucrativo. A dúvida e a incerteza mais incitavam os homens daqueles tempos, crescidos e educados no meio de grandes lutas e progressos, a desbravarem as incógnitas do mundo. As consequências desses empreendimentos, os mais arrojados de todas as eras, foram as grandes descobertas marítimas, que, se por um lado aumentaram em proporções nunca mais atingidas em tão poucos anos o patrimônio material, mental e moral da humanidade, por outro lado excitaram em alto grau as ambições dos povos, levando-os a desavenças sem tréguas e a guerras cada dia mais mortíferas e ferozes.

Fossem os estadistas dessa época mais humanos e menos ambiciosos, tivessem tido a verdadeira visão do futuro da Terra que devera ser um paraíso no Universo e não o inferno em que a transformaram, certamente teriam conduzido os povos, e com eles a Civilização, a gloriosos rumos de paz, de ordens e de trabalho, rumos em que os homens se entendessem e se estimassem e fossem todos cooperadores uns dos outros no aproveitamento e acréscimo das riquezas adquiridas.

Os homens de antanho nunca se lembraram, como os da atualidade não se lembram, de que a sua passagem pela Terra é efêmera e que nada levam no caixão mortuário do muito que ambicionaram e alcançaram, ao passo que deixam aos pósteros a lembrança de seus feitos, que devem visar sempre, para não terem a memória execrada, o bem estar da humanidade em geral, tornando-se fatores de altruísmo e nunca de egoísmo,