As forças armadas e o destino histórico nacional

A guerra franco-prussiana de 1870/71 foi exclusivamente terrestre devido à situação dos adversários. A Prússia não possuía esquadra nem colônias e dispondo de um exército de superioridade esmagadora sobre o francês, conduziu a guerra célere e decisivamente como só o havia feito Napoleão I. A esquadra francesa não teve objetivo.

Essa guerra foi uma exceção, como teria sido a de 1914/18 se o plano do Estado Maior-Alemão tivesse tido plena execução.

Eram tais a petulância, a obcessão e a arrogância dos alemães diante do seu indiscutível poderio que desprezaram como não podendo existir, entre outras, uma parcela que embora pequena foi todavia decisiva a favor dos aliados. Essa parcela foi a resistência da Bélgica, a qual eles não contaram e por isso a suprimiram dos seus cálculos.

O Estado Maior Alemão tinha plena convicção de que esmagaria a França no prazo máximo de trinta dias, impondo-lhe a sua vontade discricionária, impossibilitando pela ocupação dos litorais belga e norte francês o desembarque de tropas inglesas. Executada essa parte do seu plano, lançariam em seguida formidáveis massas austro-alemães contra a Rússia que não poderia resistir sozinha. Talvez pensassem realizar em 1914 o que Napoleão não conseguira em 1812.

As duas semanas durante as quais a resistência belga deteve os exércitos alemães foram suficientes à França para ultimar a sua mobilização e concentração e para que a Inglaterra efetuasse desembarque de tropas naqueles litorais. Desde então os exércitos franceses fiéis à sua doutrina de guerra, recuaram sempre com os seus aliados, ora voluntariamente, ora sob pressão de impetuosos ataques alemães. A mentalidade destes estava por tal modo obumbrada e obcecada na realização integral do plano de campanha arquitetado