A instrução e o Império - 2º vol.

Acresce que, por mostrar-se perfeitamente habilitado em uma das matérias, não está isento o estudante de ser reprovado, se não fez exame satisfatório nas outras e, repetindo o ano, é obrigado a repartir o seu tempo em estudos a que já se aplicou suficientemente em prejuízo de outros que conviria aprofundar. Este inconveniente, que envolve uma grave injustiça, desaparecerá desde que os exames não sejam feitos por anos, mas por matérias. A aplicação do princípio reclama ainda uma providência e é riscar-se dos regulamentos das nossas faculdades e iníqua e repugnante disposição que ao estudante reprovado duas vezes nas mesmas matérias do ano tolhe a prestação de novo exame, cortando-se-lhe a carreira e imprimindo-lhe um estigma de incapacidade que fatos posteriores não raro desmentem.

Resente-se a organização dos nossos cursos de ensino superior de certa tutela que sobre eles exerce o Estado e que de algum modo conta-lhes a livre expansão e desenvolvimento. Dar às nossas faculdades mais alguma autonomia, concedendo-lhes certas prerrogativas de que gozam as universidades alemãs, é reforma que a meu ver, muito concorrerá para elevar o nível do ensino superior entre nós. É à sua autonomia, levada aliás a uma exageração inconveniente, que as universidades germânicas devem o assinalado papel que tem representado na história do país como santuários da ciência e guardas da liberdade de ensino; e se, observa J. Cohen nos seus estudos sobre a Alemanha,não pode estar longe o tempo em que as extraordinárias franquezas dessas repúblicas