À Margem do Amazonas

As suas praias de refulgente brancura, brilhando à luz do sol ou fulgindo à noite, lívidas, parecem mudas legendas seculares perpetuando feitos de supremo heroísmo, abnegações enternecedoras, originais caprichos de governantes, revoltas épicas de silvícolas, tumultos de guerrilhas no entusiasmo e na avidez das primeiras conquistas, audácias indiscritíveis de aventureiros, arrojos de missionários expondo as vidas nas tabas alarmadas.

As suas margens devem guardar o clamor dos homens de Ajuricaba, que depois de vencer os invasores, depois de derrotá-los em vários recontros, depois de levantar o seu exército de índios contra a usurpação da terra amazônica, depois de esmagar muitas vezes a soldadesca portuguesa — foi, afinal, vencido, subjugado, preso, arrastando o grilhão abjeto. Mas, chefe altivo, Tucháua arrogante, preferindo a morte à escravidão e à sentença infamante dos inimigos, lançou o último grito de revolta e mergulhou para sempre nas águas do rio.

Devem guardar o rumor guerreiro dos Mayapenas, dos Carayharis, dos companheiros de Theodosio nas praias de Itarendáua; as batalhas