O RIO NEGRO
Não há talvez em todo o vale do Amazonas — tão fértil em mistérios aterradores, em lendas inverossímeis e em episódios que saciariam a mais sôfrega fantasia - região mais vivamente interessante que a do Rio Negro.
As águas escuras como infinita toalha de hulha polida; as baías descomunais onde as tempestades levantam ondas como as do oceano; as cachoeiras sem conta interceptando a navegação; as florestas intermináveis, invariáveis, cansativas; as Vilas em ruínas, agonizando em doloroso abandono, "revelando um fim de civilização e de raça", na maguada expressão de Osvaldo Cruz, ao visitar como higienista e como sábio, a desgraçada Vila de Moura — são etapas melancólicas assinalando a solidão daquelas paragens.